SERRABULHO
Serrabulho

Há uma banda em Vila Real que é considerada internacionalmente uma das melhores e mais populares dentro do género musical que pratica e tem passado os últimos três anos a tocar em países como Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Suiça, Bélgica, Holanda, Alemanha, Áustria, Eslováquia, República Checa, Itália, Croácia ou Dinamarca.

Os Serrabulho praticam um género de música extremo, intitulado Grindcore, que nasceu em meados dos anos 80, da fusão entre o Heavy Metal e o Punk. Música extrema, mas nem por isso inaudível, até pelos laivos de humor que a banda incorpora nas suas composições.

Constituído por quatro elementos com um já vasto currículo dentro do género, em bandas como ThanatoSchizO (exinta em 2011 e, por diversas vezes, considerada a melhor banda nacional, por publicações nacionais) ou Holocausto Canibal, o grupo já viu dois álbuns editados por editoras alemãs e planeia lançar o terceiro disco de longa duração em 2017.

Iidolatrados por uma acérrima legião de fãs que esgota os concertos em Portugal e fora do país, há em todo o conceito da banda, uma umbilical ligação a Trás-os-Montes, aos costumes populares ou aos arcaicos ditados, que ainda hoje perduram.

Um case study por se tratar de um agrupamento à margem do que é conhecido do grande público, os Serrabulho são, hoje, a par de Moonspell, a mais pro-activa banda no universo underground Português e o seu impacto reflecte-se por exemplo, na forma como criaram um sub-género, que intitulam de Happy Grind.

Origem: Vila Real, Portugal Continental
Formação: Ivan - Bateria / Guilhermino - Baixo e Voz / Paulo - Guitarra e Voz / Guerra - Voz
Facebook: www.facebook.com/serrabulhogrind

 


ENTREVISTA

Qual o significado de participar naquele que é, neste momento, o único festival de rock e metal organizado nos Açores?

Guilhermino - Um enorme orgulho e honra e a uma oportunidade única de visitarmos a vossa região. Para alguns de nós era, aliás, um desejo antigo actuar nos Açores e isso será, finalmente, possível. Era uma grave lacuna nossa, termos tantos concertos na Europa, em países tão distantes como Dinamarca ou Roménia e nunca termos actuado para vocês!

Paulo - Viva, antes demais permitam-me agradecer desde já à organização do The Unborn fest, em especial à Patrícia, que tem sido incansável desde o primeiro minuto em que iniciámos contacto. Tocar nos Açores tem um significado enorme para nós, é um lugar místico com características ímpares, que já há muito desejávamos conhecer. Aliando isso à música, será sem dúvida um momento marcante nesta longa viagem que tem sido Serrabulho, mas também a nível pessoal! Atuarmos pela primeira vez num festival único, numa ilha no meio do Atlântico, ficará gravado na memória de todos.

Como estão a preparar a ocasião e o que podem prometer ao público?

Guilhermino - Vai ser uma festa. Uma festa de início ao fim! Preparem-se, levem confetes, balões, almofadas, bóias, roupas carnavalescas, porque a nossa actuação é bastante interactiva e passa muito pela vossa adesão!

Paulo - Quem nos conhece já sabe ao que vai, mas fica a dica de que não precisamos prometer nada ao público! Apenas dizemos que, desde o momento em que estivermos no festival, ou quiçá num restaurante ou num táxi, toda a gente está convidada a estar e falar connosco, seja no merchandise, no recinto, no bar ou num wc! O nosso espetáculo, digamos, começa desde que chegamos! É importante tocar sem dúvida, mas para nós é também importante estarmos sempre com o público! Não criamos barreiras e gostamos de conhecer novas pessoas. Já se criaram muitas boas amizades assim! Por isso, apareçam e sim podem vir logo vestidos! hahahahaha.

Que planos fazem parte da vossa agenda a curto/médio prazo (qual o status no caso de composição, gravação, orientação do novo material)?

Guilhermino - Estamos a compor o terceiro longa duração e continuamos a promover o Star Whores, que já saiu em 2015, mas os convites não cessam de chegar. Em Maio, por exemplo, actuamos na Suíça, Alemanha e Espanha, em Junho, voltamos à Suíça, Alemanha e República Checa e será, mais ou menos, assim até ao final do ano. Sempre na estrada porque é um enorme prazer levar a Serrabulho Rave Party a todos os cantos do mundo.

Paulo - Tal como disse o Guilhermino, estamos na composição do terceiro álbum e os novos temas estão com o groove que pretendíamos, mas também coesos, mas mais para a frente levantaremos o véu. Até la trabalhamos neles! Também irá sair mais um trabalho (em formato split), aguardamos apenas o seu lançamento. A par disso, temos bastantes festivais até ao fim do ano, maioritariamente no estrangeiro, o Rock the Hell, o Ranger Rock, o In Flammen, o Toxoplasmose, entre outros... Em Portugal para já temos seis datas, três já passadas e vamos estar pelo The Unborn Fest, no Lagoa Rock (Lagoa de Sto. André, em Junho) e em Sta. Valha (Valpaços, em Agosto).

Que aspetos podem destacar da vossa prestação ao vivo?

Guilhermino - Diversão, entretenimento, boa disposição, parvoíce e uma ligação quase umbilical ao público. Adicione-se a tudo isto música extrema, com muitas oportunidades para dançar - sim, é possível! - e está a receita dada.

Paulo - Sem dúvida que, quando estamos em cima do palco, damos o nosso máximo e adoramos estar em sintonia constante com o público! Ele é o quinto elemento de Serrabulho. Não temos uma prestação digamos "constante", em que se debitam riffs, canta-se, aguardam-se pelas palmas e está feito. Existem sim várias "explosões" de ritmos, sons, a nossa excentricidade visual, bem como a do público, que fazem com que cada concerto seja um "como não houvesse amanhã".

O metal e a música alternativa em geral ocupam atualmente o devido lugar na sociedade portuguesa?

Guilhermino - À excepção do início dos anos 90, não me lembro do Metal alguma vez não ter sido um bloco marginal no seio da sociedade Portuguesa. Mais importante do que nos focarmos na quantidade de adeptos que este género tem, parece-nos relevante sublinhar as inúmeras (e são muitas, mesmo) iniciativas que há, semanalmente dentro deste género específico. Festivais e concertos pontuais que permitem, a quem realmente gosta desta sonoridade, ter um vasto cardápio de ofertas.
Nem tudo é perfeito, é certo, mas nunca a cena Portuguesa teve tantas bandas, tantos locais para elas actuarem e, bem vistas as coisas, respira-se uma ambiente saudável neste meio.

Paulo - Não ocupam, já sabemos! Pelo menos da forma que nós e mais uns milhares de portugueses gostariam que ocupasse. Mas já tem um importante lugar no nosso país. Ainda há muito o preconceito de "não ser música" e de não atrair público, mas a verdade é que cada vez mais as pessoas procuram diferentes sonoridades e as iniciativas têm aparecido!
Basta olharmos para o panorama de festivais (alguns específicos) e concertos quase diários que surgem, onde o público começa a marcar posição, a apoiar e a aparecer.
Sim, é preciso estar/aparecer, não basta "ir ao concerto" atrás de um teclado.
Na minha opinião a sociedade precisava de fazer um curso de reciclagem musical hahahah, como que uma "re-educação". Haveria seguramente uma evolução, porque todos entenderiam as desvantagens da estagnação.